Seis espécies de tartarugas amazônicas estão enfrentando ameaças significativas de extinção devido à caça predatória, e a situação foi agravada pela severa seca que atingiu a região Norte em 2023, dificultando os esforços de preservação desses animais.
No último sábado (27/01), a Prefeitura de Novo Airão, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), participou de uma ação crucial para a preservação dessas tartarugas. A soltura dos quelônios ocorreu no Parque Nacional do Jaú, uma iniciativa realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Wildlife Conservation Society (WCS) e a United States Agency for International Development (USAID).
A seca severa na região Norte, durante o ano de 2023, apresentou-se como mais um desafio para as atividades de preservação. Das 21 espécies de tartarugas que habitam a Amazônia, seis estão atualmente ameaçadas de extinção devido à caça indiscriminada.
As embarcações partiram do município de Novo Airão em direção à base do Parque Nacional do Jaú, uma jornada de 2h30 em lancha rápida, proporcionando o primeiro contato com cinco espécies de quelônios, incluindo tartarugas, jabutis e cágados. Em setembro de 2023, os ovos desses animais foram cuidadosamente coletados nas praias para protegê-los de predadores.
O monitor voluntário Jonilton, com dois anos de experiência, enfrentou desafios durante a seca, resultando em uma quantidade menor de filhotes em comparação com o ano anterior. A estiagem severa interferiu no processo natural de desova, impactando diretamente na reprodução dessas tartarugas.
O programa de monitoramento, existente há uma década, é uma colaboração entre o ICMBio, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a WCS Brasil e a agência dos Estados Unidos para o desenvolvimento internacional, USAID. Marcos Amend, diretor de conservação da WCS Brasil, destaca a importância de envolver as populações locais na conservação da Amazônia, reconhecendo a complexidade e a necessidade de acessar o conhecimento tradicional dessas comunidades.
As crianças desempenham um papel central na soltura, promovendo a conscientização e a conexão direta com a natureza. A analista ambiental do ICMBio, Huelinton Ferreira, destaca a importância de incentivar as crianças a desenvolverem valores de proteção e preservação ambiental.
Apesar dos esforços, menos de 1% dos filhotes liberados na beira do rio durante a soltura alcançarão a vida adulta. Camila Ferrara, especialista em quelônios da WCS, explica que a estratégia reprodutiva dessas tartarugas envolve a postura de muitos ovos, mas apenas alguns chegarão à fase adulta.
A ação de soltura, que contou com a participação de diversos voluntários, inspirou reflexões sobre a importância de preservar a natureza da Amazônia. O evento deixou uma impressão positiva, incentivando os participantes a cuidarem mais ativamente do meio ambiente na região.
Reportagem: @tvglobo @redeamazonicaoficial
Foto: JN
Prefeitura de Novo Airão